sexta-feira, 4 de abril de 2014

disblioteca namarra: Tiago de Alencar!

Uma pessoa importante no cenário da Cultura, compartilhando um pouco de seu universo particular através de livros e discos fundamentais em sua formação. E para a segunda edição de 2014, recebemos Tiago de Alencar, baterista e compositor da banda mineira A Nuvem.

A história da raça humana!


 Bem, é sempre bom ser convidado pelo povo do Namarra para qualquer coisa. Mesmo não estando na mesma cidade, estamos na mesma sintonia sempre. Já que a ideia aqui é falar sobre um livro e disco significantes para nossas vidas, vou falar sobre uns que marcaram a minha vida especialmente. Venho de uma família que sempre esteve envolvida com esse processo democrático, que ainda estamos por alcançar no país, e me lembro quando eu tinha uns  11 anos e meu avô, João Alencar, me deu um livro de história. 

 Ele sempre comentava que era importante a gente saber sobre nossa história, e, com certa ironia, ele falou que não era só na escola que a gente busca informação sobre as coisas, e me deu um livro que se chama “A História da Raça Humana”, de Henry Thomas. No livro o autor relata uma  outra  história, um detalhe esquecido, contradições sobre as figuras que marcaram nossa história como Jesus, Buda, Hitler, Confúcio, Platão etc...  e é uma espécie de distinção dos que procuram melhorar a civilização e a dos que a retarda. É um livro bem legal, cheio de curiosidades, um lance legal que  lembro é que quando o autor fala sobre o Nirvana do Buda; eu conheci o som do Nirvana. 





 E falando de som, e também falando de família e processo democrático, um disco que me marcou muito envolve tudo isso. Durante a minha infância, meu pai e minha mãe eram ativistas políticos e toda minha família também, principalmente por parte de mãe. Temos na família um grande histórico de luta através de nomes como Bárbara de Alencar, Frei Tito de Alencar e por aí vai... Então, isso tudo foi bastante marcante e fundamental para minha formação como pessoa, pois via em meus familiares uma vontade de fazer uma sociedade justa. Justa no sentido de liberdade,  de cada um poder ser quem realmente é,  e vi que o preço por essa vontade era bastante alto e às vezes pago com a própria vida.

 E no meio desse turbilhão meu pai me apresenta um vinil do Caetano Veloso chamado Transa. A história do disco também tem a ver com a minha história, pois Caetano gravou esse disco no exílio e o nome “Transa” é uma ironia que passou na censura (depois pesquisem) e o time de músicos era muito foda  Jards Macalé, Tutti Moreno,  Moacyr Albuquerque  e Áureo de Sousa (não tinha como ficar ruim)! E era  interessantíssimo como os caras tinham que fazer metáforas para que o disco não fosse barrado ou alterado pela censura, em uma música, quando Caetano fala repetidas vezes “Ó virgem mãe puríssima” rima com “ó vigia polícia”, por exemplo, passou pelo crivo da censura despercebidamente. É isso, espero que eu tenha contribuído para Disblioteca.




 

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