terça-feira, 20 de maio de 2014

disblioteca namarra: Thiago Terenzi!

Uma pessoa importante no cenário da Cultura, compartilhando um pouco de seu universo particular através de livros e discos fundamentais em sua formação. Nessa edição de 2014, recebemos Thiago Terenzi, cantor e compositor mineiro.


O que a arte precisa dizer...



Tempos atrás, quando me faziam perguntas tipo qual-seu-livro-de-cabeceira? ficava intrigado. Sem convicção, dizia dois ou três títulos – todos muito bons, claro, importantes em minha formação. Não entendia, porém, o óbvio: livro de cabeceira é aquele que jamais volta para a estante.
Inúmeros livros permaneceram em minha cabeça e são até hoje relidos de tempos em tempos – mas a cabeceira é mais: nela deixamos a obra em processo de assimilação, a leitura não encerrada,  aquilo por consumir, o estar sendo.

Apenas percebi isso quando me deparei com “Onde Andará Dulce Veiga?”, de Caio Fernando Abreu.  Li tantas vezes e todas tão diferentes umas das outras que ainda não cheguei ao fim. Não há onde deixá-lo senão onde ficam as coisas em processo: ao lado da cama, na cabeceira.

“Onde Andará Dulce Veiga?” escancarou minha busca pelo contemporâneo, me ajudou a perceber a necessidade de uma identidade estética forte, me contou o que já desconfiava: que a arte precisa dizer sobre seu tempo e suas dores, que as questões mudam e as respostas – ou a ausência delas - também. Que as palavras são ditas por todo o resto e não pelas próprias palavras. “Onde Andará Dulce Veiga?” foi a maior referência para a feitura de meu primeiro disco.



No contraponto do contemporâneo – mas sem fugir dele –, indico um disco de 1981. Mas que se lançado hoje, penso, ainda seria vanguarda. É que a arte, a estética e a própria vida traçam caminhos circulares, e isso é apaixonante. Avançamos por retomada.  O disco é Computerwelt, do Kraftwerk.

Em timbres, conceito e canção: tudo converge para fazer desse álbum de 30 anos atrás um álbum de agora. Seco, minimalista e pouco orgânico,  vejo muito desse disco no que de melhor está sendo feito agora, nestes tempos de pós-indie (indie? seja isso o que for).

Fato é que a precisão gelada desses alemães me encanta e o minimalismo propõe. Esse disco é uma das principais referências para meu próximo trabalho.


 Ouça e baixe aqui o primeiro disco solo do Terenzi.
((•)) Ouça este post

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