Uma pessoa importante no cenário
da Cultura, compartilhando um pouco de seu universo particular através de
livros e discos fundamentais em sua formação. E para esta edição temos a alegria
de receber Jonathan Tadeu, músico, cantor, guitarrista e compositor da banda
mineira Quase Coadjuvante.
Pesado... e lindo!
Eu sempre tive uma predileção por autores mais pessoais e biográficos, gosto muito de romances de formação e esse Servidão Humana, parece ter sido uma espécie de válvula de escape pro Maugham imprimir boa parte dos seus traumas.
Desde a infância órfã, morando
com tios fanáticos religiosos, até a fase adulta, quando inicia uma relação
desgraçadamente masoquista e sofredora.
Com uma garçonete, a vida de
Philip (seu alter ego) é uma coleção de traumas e conflitos existenciais sem
fim.
E boa parte dos conflitos e da
descida sem freio que seu personagem dá
rumo a lama sentimental, é muito próxima do que cada um de nós já passou ou
ainda vai ter de encarar na vida.
O autor é simples na maneira de
escrever, mas é absurdamente rico na hora de detalhar o psicológico de Philip.
Isso me fascinou bastante na época. A coragem que o Maugham teve de imprimir
seus piores traumas e complexos impressiona, do início ao fim.
Está tudo lá: Os dedilhados
sobrepostos, a melodia vocal exageradamente arrastada, as letras
confessionais... a formula é essa, né. Só que no caso do Mineral, banda de
emocore da metade dos 90s, é diferente. Eles levaram todas essas características
do gênero para um patamar que, pelo menos pra mim, nenhuma outra banda
conseguiu chegar perto.
End Serenading é o segundo disco
deles. Uma carreira curta: 2 discos, 20 musicas.
Se no primeiro disco, eles tinham
muito de rústico na produção e nos arranjos, esse End Serenading marca um ponto
de virada pra segunda fase do estilo.
Aqui, guitarras e os vocais, são
mais polidos e trabalhados, o que não impede que cada refrão seja uma explosão
de distorção mais dramática que a outra.
Existe essa dualidade nos
arranjos durante todo o disco, ora tensos demais ora contemplativos e densos.
A poesia do Chris Simpson é econômica,
ele escolhe poucas palavras, mas sabe exatamente onde deve dar ênfase dentro da
melodia vocal. Consegue montar uma poesia simples, e emocional, sem cair em
choradeira.
Tem muito tempo desde que ouvi
esse disco pela primeira vez, parei de ouvir muita coisa, mas esse continua tendo uma influência enorme. É o
típico 'disco que muda vidas'.
É de uma brutalidade enorme
pensar que 10 anos depois do lançamento desse disco, o gênero foi tão deturpado
como foi.
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